Entre 2023 e 2024, Sesacre testou 731 amostras da doença e 318 casos foram confirmados em 20 dos 22 municípios acreanos. Brasil contabiliza 5.102 casos da doença, sendo 2.947 deles na Amazônia e 1.528 em Rondônia FEBRE OROPOUCHE | País registra mais de 5 mil casos da doença e médica alerta para cuidado
Mais de 300 casos de febre oropouche já foram confirmados no Acre entre o ano passado e este ano. Conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesacre), 731 amostras para a doença foram testadas e 318 casos confirmados em 20 dos 22 municípios acreanos, o que corresponde a 90% do estado.
A doença é transmitida principalmente por mosquitos. O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado (veja os sintomas abaixo).
A maioria dos casos no país foi diagnosticada em pessoas que têm entre 20 e 29 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença causa sintomas muito parecidos com os da dengue e os da Chikungunya e é uma arbovirose, ou seja, é transmitida pela picada do mosquito conhecido como maruim ou meruim, como ele também é conhecido.
O país contabiliza 5.102 casos da doença, sendo 2.947 deles na Amazônia. Rondônia é o estado que lidera o ranking.
“Ela sempre existiu, mas o que se observa é que tivemos alguns surtos no Pará, no Acre há mais de 5 anos, e há uma característica que não sabemos explicar nesse momento é o porquê ela veio desta forma atingindo a Região Amazônica, onde era muito mais frequente, e se espalhando pro Brasil como um todo”, explicou a infectologista Cirley Lobato.
Ainda segundo a profissional, o maruim existe no Brasil todo, contudo, há uma maior mobilidade das pessoas na Amazônia. Segundo ela, um paciente do Rio de Janeiro esteve na Região Amazônica e voltou contaminado para o estado carioca. “Como tem o meruim presente em todos os locais, picou ele [paciente do RJ] e foi disseminando”, acrescentou.
O tratamento é realizado com medicamentos e hidratação para tratar os sintomas e desidratação. Até o momento, não existe vacina ou um antiviral disponível para a febre oropouche. As medidas de prevenção são as mesmas de outras doenças causadas por picadas de mosquitos, entre elas:
Uso de repelentes
Eliminação dos criadouros do mosquito
Evitar o acúmulo de água
Manter o quintal limpo
“Embora o agente transmissor seja diferente, a dengue que é o Aedes e da febre oropouche, as características ambientais para eles proliferarem são semelhantes. Ter cuidado com seu quintal e, de diante de qualquer manifestação clínica, procure uma unidade de saúde e começa a ingestão de líquido, o que enfatizo que pode mudar a progressão da doença”, concluiu a profissional.
Mosquito maruim transmissor da febre Oropouche
Gato Júnior, da Rede Amazônica
O que é a febre e quais seus sintomas
Depois de picarem uma pessoa ou animal infectado, os mosquitos mantêm o vírus em seu sangue por alguns dias. Quando esses mosquitos picam outra pessoa saudável, podem passar o vírus para ela.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença tem dois ciclos de transmissão:
Ciclo Silvestre: Neste ciclo, os animais, como bichos-preguiça e macacos, são os portadores do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem ser portadores do vírus. Mas o mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Aqui, os humanos são os principais portadores do vírus. O maruim também é o vetor principal. Além disso, o mosquito Culex quinquefasciatus (o famoso pernilongo ou muriçoca), comum em ambientes urbanos, também pode ocasionalmente transmitir o vírus.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya:
dor de cabeça
dor muscular
dor nas articulações
náusea
diarreia
Colaborou Andryo Amaral, da Rede Amazônica Acre
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